Os astrólogos modernos autores de livros sobre midpoints adoram citar que Guido Bonatti advogava o uso de midpoints (ou pontos médios) na sua prática.
Eu tenho o Liber Astronomiae, o li de cabo a rabo, e NUNCA encontrei o tal trecho.
Também tem esse site, muito bom por sinal, que atribui a Ptolomeu a primeira citação sobre midpoints.
Bitch, please. É mais fácil ler o Tetrabiblos do que o Liber Astronomiae, e qualquer um verá que isso é mentira.
As pessoas adoram citar autores antigos para ratificar suas posições intelectuais, principalmente em se tratando de Astrologia, um meio que carece de pesquisas sérias e, devido a isso, se apoia no passado glorioso de quando era considerada uma ciência essencial à atividade humana.
Estou dando uma de advogado do diabo apenas para mostrar que não se pode confiar em tudo que se lê por aí. Analise tudo, e retenha o que for bom, o conselho bíblico aqui cai como uma luva. Até porque são bons autores que cometem esse erro: Reinhold Ebertin, Robert Hand... E jogar toda a produção desses excelentes astrólogos na lata de lixo da história apenas por um deslize é uma crueldade incongruente, pois até o leitor mais empedernido é capaz de cometê-lo.
PODE SER que tais autores tenham percebido algum conceito citado nos clássicos como sendo similar aos midpoints, e aqui eu posso enumerar uma hipótese.
Eu tenho o Liber Astronomiae, o li de cabo a rabo, e NUNCA encontrei o tal trecho.
Também tem esse site, muito bom por sinal, que atribui a Ptolomeu a primeira citação sobre midpoints.
Bitch, please. É mais fácil ler o Tetrabiblos do que o Liber Astronomiae, e qualquer um verá que isso é mentira.
As pessoas adoram citar autores antigos para ratificar suas posições intelectuais, principalmente em se tratando de Astrologia, um meio que carece de pesquisas sérias e, devido a isso, se apoia no passado glorioso de quando era considerada uma ciência essencial à atividade humana.
Estou dando uma de advogado do diabo apenas para mostrar que não se pode confiar em tudo que se lê por aí. Analise tudo, e retenha o que for bom, o conselho bíblico aqui cai como uma luva. Até porque são bons autores que cometem esse erro: Reinhold Ebertin, Robert Hand... E jogar toda a produção desses excelentes astrólogos na lata de lixo da história apenas por um deslize é uma crueldade incongruente, pois até o leitor mais empedernido é capaz de cometê-lo.
PODE SER que tais autores tenham percebido algum conceito citado nos clássicos como sendo similar aos midpoints, e aqui eu posso enumerar uma hipótese.
Enquadramento planetário
Quando dois planetas cercam um outro planeta X, diz-se que o mesmo está cercado ou enquadrado. Um planeta pode ser cercado por benéficos ou por maléficos, sofrendo as consequências óbvias disso.
A grande questão é que o cercamento de dois planetas em torno de um pode ocorrer
- no mesmo signo ou
- em signos vizinhos,
- além de ser por aspecto.
Vamos dar exemplos dos casos acima usando o planeta marte como o cercado.
Em 1, marte estaria cercado se ele estivesse em 10 de libra, enquanto vênus estivesse em 04 e Júpiter em 13. Em 3, marte estaria cercado se estivesse se separando de uma quadratura de Saturno e caminhasse para uma conjunção ao Sol.
O que mais desafia os conceitos astrológicos clássicos é a hipótese 2. Como exemplo, uma vez marte estando em libra, Saturno e Júpiter os cercariam se estivesse em Virgem e em Escorpião, respectivamente. Entretanto, tais signos não aspectam Libra, o que colocaria estes planetas como incapazes de influenciar marte, ao menos no mapa natal sem direções primárias (o que moveria esses planetas ao longo dos anos a um encontro com marte). Entretanto, o cercamento planetário nesse caso é aceito.
Essa seria a única possibilidade de levar em consideração a influência de dois planetas sobre um terceiro estando em signos vizinhos: considerar que o planeta cercado estivesse no meio ponto dos planetas que os cercam.
Esta consideração introduziria um conceito de astrologia moderna de forma anacrônica à prática astrológica medieval, apenas para tentar entender o porquê de se considerar dois planetas que não aspectam os signos vizinhos e mesmo assim são capazes de influenciá-lo.
Outra coisa plausível nesse exemplo seria considerar o aspecto de semi-sextil (30°) e dizer que os planetas em signos vizinhos estariam em semi-sextil com o planeta no signo do meio... Tal consideração seria tão anacrônica quanto a hipótese dos midpoints, uma vez que esse aspecto não era considerado pelos astrólogos clássicos. Mas como os autores queriam apenas ratificar a teoria dos midpoints usando o endorsement de autores clássicos, a hipótese dos semi-sextis não foi levada em consideração.
Toda essa minha picuinha de pegar um deslize dos autores e dissecá-lo a fundo serve apenas para que eu comprove o ponto de vista de que uma técnica não precisa ser antiga para ser boa, desde que consiga prever com acurácia, e que sua eficácia possa ser reproduzida de forma similar em contextos e com astrólogos diferentes. Porque apenas usar a astrologia para explicar as coisas depois delas acontecerem é como dirigir um carro apenas olhando o espelho retrovisor.
E se os midpoints foram criados no final do século XIX? Qual o problema? Se eles funcionam (como eu já vi várias vezes), devo jogá-las fora apenas por não ter nenhum lastro da tradição? Decerto que essa questão incomode mais àqueles que passaram pela astrologia tradicional e clássica como eu...
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